Mal do Século (Paródia)
Se eu perdesse o emprego amanhã,
Ao menos teria um milésimo de segundo de consciência sã;
Minha família de fome morreria
Se eu perdesse o emprego amanhã.
Quantas bajulações esquecidas no escuro...
Que promoções hão de porvir
E que bife na marmita!
Eu perdera chorando esta demissão
Se eu perdesse o emprego amanhã.
Que fábrica, Que produção!
Que calmas máquinas enfileiradas a bater o cartão;
Não me caíra tanta falsa felicidade, se eu perdesse o emprego amanhã.
Mas essa estabilidade incerta,
Gestos predeterminados
Metas
Fluxogramas
Setas
Rédeas
Cubículo-cela
Produção!
Mais rápido! Produção!
"-Mais rápido, filho!
Tempo é dinheiro, uma vida não"
...Tudo isso cessaria ao menos
Se eu perdesse o emprego amanhã."
Paródia do Poema "Se eu morresse amanhã", de Álvares de Azevedo