o menor abandonado

O Menor Abandonado

Aos homens de boa vontade, que trabalham pelo menor.

Criança, que hoje chora nos braços do abandono,

Que não tem o calor do amor,

O teto de um lugar regular,

Mas o prenúncio da vida perdida,

Sei que o seu caminho, sozinho,

Continuará até o fim assim

E que nessa viagem sem belas paisagens,

Por estradas frias, sombrias,

O desatino será certamente o seu destino.

Criança, que hoje chora nos braços do abandono,

Sem ter dono, sem te o sono

Tranquilo do infante, mas vive constante

Sem te abrigo, sem ter amigo,

Completamente perdida na solidão,

Sem que o olhar do seu irmão,

Que passa indiferente, contente,

Detenha –se sobre sua triste sorte

E procure ajudá-la a crescer, viver,

Ressuscitá-la dessa vida, que é morte.

Criança, que hoje chora nos braços do abandono,

Que não tem regaço da mãe para seu cansaço,

Que não tem a presença do pai para secar seu lacrimejar,

E mesmo o auxilio de alguém caridoso, despretensioso

Para sentir a grande necessidade e ter caridade

De olhar para o abandono da criança,

Que não pode ser vista como esperança,

Quando sua vida presente desmente

Que possa ter um alegre amanhã.

Chore, criança abandonada, desesperada,

Que, talvez, o seu grito de orfandade

Desperte a nossa sociedade, pois já é tempo

De sensibilizar o coração do seu irmão,

Fazê-lo sentir que foi justamente por não ouvir

O seu choro, que hoje os homens, em coro,

Lamentamos seus crimes, a sua agressividade,

E se julgam também culpados, por terem gerado,

Com tanta indiferença, a sua nefasta presença,

De homem revoltado, delinquente, afeito á maldade,

Como fruto da nossa própria comunidade.

Paulo Lúcio Nogueira

Marília, junho de 1997.

paulo lucio nogueira
Enviado por jully cristianne em 23/01/2016
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