Triste Realidade - Exemplo de coisas minimas que não diferenciam nada na vida de um.povo.

"É simples a forma de aprender,

Contarei uma história pra você,

Quando os seres da criação criou-se,

Cada um tinha um espaço pra viver.

Mas foi lá em 'Sei não' que aconteceu,

A essa - que agora eu vou contar,

Que é a história do menino Bastião,

Que tinha um sonho de mudar o seu lugar.

Ele é um menino perturbado - diziam,

Só porque falava com a flor,

Só porque ele não ia a igreja,

Só porque pregava o amor.

Só porque falava com o cachorro,

Só porque queria ser feliz,

Só porque sorria pros mais velhos,

Mais velhos, que os mais velhos do país.

Certo dia então bateram em um sua porta,

Era um homem bem vestido - Senhor?

- É você que é o menino que sorri?

É você o doido que fala com a flor?

- Sim sou eu, a que devo a honra?

Quer entrar? A casa é simples mas é limpa,

A que devo a sua presença em minha casa?

A que devo a sua nobre visita?

O homem rabugento olhou-o raivoso,

Pois nunca viu de um jeito a educação,

Então foi perguntando pro menino:

- Não me conhece, sou o prefeito de Sei não.

- Sim Senhor lhe conheço,

Dos retratos nas paredes de Sei não,

Mas o senhor não é um homem muito visto,

Depois que cê ganhou a eleição.

O homem o olhova mais raivoso,

Apontando, foi gritando - Bastião,

Você é um menino e só isso,

E nem sabe porque nunca me viu, não?

Bastião foi logo mudando de assunto,

Pois a coisa era feia na eleição,

Respondeu cauteloso - Senhor prefeito,

O que faz cê procurar o Bastião?

- Tá todo mundo com medo de tu,

Assinaturas já tem cento e dezoito,

Que tão fazendo um abaixo assinado,

Pra expulsar de Sei não esse doido.

- Ora seu prefeito sumido,

Que é que eu fiz de tão imoral,

Se eu sou doido é porque sou feliz,

E o que faço num é nada de mal.

- Mas o povo tem medo de tu,

A igreja já falou que é o demônio,

Minha esposa falou - é ladrão -

E o dotor, falou - é hormônio -

- Seu prefeito, seu prefeito

temos mais com que se preocupar,

É a fome no mundo inteiro,

Ou o mundo tá preste a acabar.

- Mas o meu problema é tu menino,

A cidade tem medo de Bastião,

Tá todo mundo dizendo - olha o doido -

Estão dizendo que até é ladrão.

- Nunca roubei nada de ninguém,

Diferente de quem apontou,

Cê aponta um dedo pra mim,

E tem três apontando pro senhor.

Eu digo mais ainda ao senhor,

Que o senhor, não é um bom prefeito,

Que ao invés de olhar qualidade,

Já vai logo caçando os defeitos.

Trate de arrumar a cidade,

E de acabar com a nossa miséria,

De fazer coisa boa pro povo,

Se preocupe com coisa mais séria."