o ódio
Odeio a ti,
Desconcerto Descontente.
Te odeio da flor e a semente,
De odeio de pé e deitado.
Te odeio enfim e o dobro, te odeio cabelo e pescoço,
a mão que tem dedos e tato.
Odeio o cobre, o ouro o aço,
Te odeio na vida o descaso,
Te odeio faminto e sem fome,
Te odeio sem casa, e sem nome,
E odeio a mão e o abraço.
Odeio os pés por onde vão e vem,
Odeio a mim e a ti também,
Odeio religiões e o amém,
E as correntes que sempre me envia,
Mesmo que salve as Marias,
Pois sempre nos trazem um bem.
Odeio a ti, oh silêncio,
Odeio a ti sangue suga,
Odeio as veterbras sujas,
Odeio ser algo ou alguém,
Odeio a carne na bunda,
Odeio o pau entre as pernas,
Odeio o que isso me resta,
Odeio de um a cem.
Odeio escrever esses versos,
Pra alegrar-me um pouco no tédio,
pra expulsa-lo com tal maestria,
Essa dor que o mundo te guia,
E agora é tu o teu dono,
Se um dia Caires no sono,
Faça o bem,
Pois pra ti volta um dia.