Às Sakinehs brasileiras

Para alguns são umas damas, com um corpo que satisfaz.

Para os boêmios das noites são Sakinés inexatas.

Elas não usam lenços no rosto, mas tem desgostos profundos,

Vivem de costa pra o mundo, pintadas de cores baratas.

Perfume forte no corpo e lábios sempre vermelhos,

Vivem na frente de espelhos, numa profunda aflição.

Julgadas por pecadores, que lhe atiram pedra-sabão.

Até as novas navegam, na lama de um chão sem piso,

Onde a própria autoridade não demonstra qualquer siso.

Sakinés guerreiras de um País falido,

sem saúde e educação para um povo combalido.

Querem fazer de você a escória do estado,

Mas aceite esta homenagem, de um poeta revoltado.