Enfim mortos
 
 I ato – As crianças
 
Tragaram juntos o primeiro tabaco,
beberam no mesmo copo o primeiro álcool,
acreditando cada um no próprio taco.
 
E também juntos conheceram o sexo,
cheiraram lado a lado o primeiro talco,
enquanto a vida perdia o rumo e o nexo.
 
II ato – Os jovens
 
Largaram a escola sem aprender nada...
Ao faltar grana pra sustentar o vício,
pela erva e o pó topavam qualquer parada.
 
Fizeram tão jovens o primeiro assalto...
A gangues rivais negavam o armistício,
pois manda no crime quem fala mais alto.
 
III ato – Os adultos
 
No submundo, ela prima-dona, ele alcaide,        
porém feridas no seio das famílias.
Uma versão cabocla de Bonnie and Clyde...
 
Contudo, pra eles, um perfeito casal
que assaltava bancos e outras companhias,
sem ter qualquer noção do bem e do mal.
 
IV ato – O epílogo
 
Quem não tem bom começo, bem não termina...
Selou o fim numa rajada de dor
a emboscada de uma guarnição na esquina.
 
Tão logo, felizes, ao deixar a cama,
depois de calorosa noite de amor,
tombaram abraçados no auge da fama...


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N. do A. – Na ilustração, Faye Dunnaway e Warren Beatty em cena do filme Bonnie & Clyde – Uma Rajada de Balas, de 1967.
João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 14/12/2013
Reeditado em 08/08/2021
Código do texto: T4611469
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