O cenário nordestino virou nova escravatura

Eu vejo o nordeste todo

Neste grande sofrimento

O sertão sedento

Atolado neste engodo

Eu, como bom rapsodo

Faço aqui minha censura

Demonstrando a desventura

Do caboclo campesino

O cenário nordestino

Virou nova escravatura

Tudo aqui virou miragem

A chuva não colabora

O camponês vai embora

Conviver noutra paragem

Depois que faz a romagem

Se despede com mesura

Levando grande ternura

Do seu torrão genuíno

O cenário nordestino

Virou nova escravatura

Eu não presto mexerico

Ao governo da nação

Que só fala em transfusão

Das águas do velho Chico

Nosso sistema impudico

Sempre negou cobertura

Ao nordeste terra pura

Inspiração do meu hino

O cenário nordestino

Virou nova escravatura

Neste nordeste carente

O campesino da enxada

Despreza a terra adorada

E vai morar bem ausente

Distante do seu parente

Verte o pranto da amargura

Sem esquecer a doçura

Do seu tempo de menino

O cenário nordestino

Virou nova escravatura

Neste cenário macabro

A gente escuta o clamor

Do pobre trabalhador

Vítima do volutabro

Com tamanho descalabro

Desfaz-se a nossa cultura

Na busca de uma aventura

O camponês perde o tino

O cenário nordestino

Virou nova escravatura

Depois de tanta promessa

Dos malucos do poder

Vejo o nordeste sofrer

Como quem nada interessa

Pois falta vontade abeça

Na nossa legislatura

Em combater a tortura

Deste regime cretino

O cenário nordestino

Virou nova escravatura

Neste nordeste de Pinto

A desgraça continua

Vê-se o mendigo na rua

Vivendo como faminto

O camponês sem recinto

Disputa uma vida dura

A política imatura

Só promove o citadino

O cenário nordestino

Virou nova escravatura

Deste cenário nefasto

A gente sente tristeza

Porque falta sobre a mesa

O verdadeiro repasto

E tanto dinheiro gasto

Com futebol sem lisura

Neymar com tanta cordura

Desconhece o pequenino

O cenário nordestino

Virou nova escravatura

Sou nordestino da gema

Como Pinto do Monteiro

Eu canto o nordeste inteiro

E revelo o seu dilema

O verdadeiro problema

Desta nossa terra pura

É a falta de postura

Do presidente ladino

O cenário nordestino

Virou nova escravatura

Mote de autoria do poeta e ex-repentista russano Antonio Agostinho, hoje homem dedicado às letras.

Agamenon violeiro
Enviado por Agamenon violeiro em 25/03/2013
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