Pestanas
A noite não me avisou
Mas matreira chegou
Aí vi o dia nascer
Sem ao menos perceber
Debruçado sobre livros
Grafites, pranchetas
Muita madrugada fria
Veio me fazer companhia
Minha mãe sempre dizia:
“Filho vá dormir um pouco.
Veja quão tarde o tempo”
Cálculos muito loucos
Eu meio lerdo, sonolento
Cálculo de pontes, treliças
Vigas, muros de arrimo
Derivadas, integrais
Que me desintegram
À madrugada me entrego
Em busca de ares modernos
Porquê a vida é assim
Quem quer se supera
Remove óbices, não espera!
Quem não quer culpa
Suas próprias desculpas
Não basta só querer
Dependa mais de você
Não coloque seus planos
Em mãos mutiladas
Se há algum ideal
Noutras semanas
Dê folga ao sono
E queime as pestanas
Não há planos perfeitos
Mas há sonhos perdidos
Planos que brotam refeitos