Paisagem urbana

Paisagem urbana

Da janela do ônibus

Vejo a paisagem urbana.

A propaganda no muro,

A placa de contramão.

O guarda apitando,

O ponto de ônibus,

O lotação.

Da janela do ônibus

Vejo a menina

Que passa (com graça).

O andar, o rebolado,

Os olhares, os desejos,

A intenção.

Uma mulher gira a catraca.

Uma criança no colo,

A piedade nos olhos,

E a todos pede atenção:

O desemprego, a família,

O marido,

A vida dura, a dura vida...

Um discurso como tantos,

Solitários e urbanos.

“Deus lhe pague irmãos”

Da janela do ônibus

Vejo a miséria humana:

Barracos, favela, farrapos.

O esgoto, o cheiro,

O lixo.

O homem, o bicho,

O bicho-homem.

Um tiro no escuro.

Um grito, um lamento.

A esperança partiu

Naquele avião que passa,

E saiu pela janela

Dos sonhos

Daquela criança descalça

Que corre atrás da bola,

Atrás de um sonho.

A barriga que cresce,

A criança que nasce.

O bar, a quermesse,

A briga.

Na periferia da cidade

Tudo pulsa:

A febre, o sonho,

A dor, o amor,

A vida e a morte,

A morte e a vida.

Rogemar Santos
Enviado por Rogemar Santos em 26/06/2011
Código do texto: T3058997