Triste apelo
Ei, menina que vai passando,
Por acaso viu pelo caminho
Um voto perdido sozinho,
Pensando em pular da ponte,
Pensando em desistir da fonte
Que só jorra lama aos montes,
Que só brota galhos de espinho,
Um voto de pé descalço
Que tanto foi feito de palhaço
Que resolveu fugir do ninho.
Menina, se encontrá-lo,
Não esqueça nunca de dizer
Que também penso em morrer
Nesse mundo tão mesquinho,
Mas não posso pular da ponte,
Por mais que o vilão apronte
E que nunca apareça o mocinho,
Não devemos desistir
Dos sonhos tão cultivados,
Deixemos no peito guardados
Pois a vida é um moinho.