O Assalto
A noite escura da arma assaltante
Aponta para um peito surpreso
e lá dentro um coração pulsante
geme melancólico como pássaro indefeso
A noite escura da arma assaltante
apareceu sem aviso, apareceu de repente,
surgiu do nada, surgiu num instante,
enegreceu a promessa de um dia inocente
A tranqüilidade que antes havia
já não há mais
Os morcegos vieram à luz do dia
e as pombas levaram a paz
Um medo áspero e grudento
Se aloja no coração
traz consigo o tormento
de um grito na escuridão
A noite escura da arma criminosa
conduz para um lugar sombrio,
talvez uma passagem cavernosa
dominada pelo frio
Nessa noite escura,
Não há luz que dura
e o único brilho
vem do aperto do gatilho
Por isso, leva carro, dinheiro,
relógio, celular
Se tudo é passageiro,
pra que se importar?
Como onda devoradora
de um mar agitado
a mão recolhedora
pega tudo de bom grado
Tensão.
A noite escura da arma assaltante,
da arma criminosa
balança hesitante
parecendo perigosa.
Passeia para os lados
diante de olhos assustados
A vida está por um fio
Nesse local tranqüilo e vazio.
É triste
ver que isso persiste,
aceitar que tal injustiça resiste,
saber que a luz já não existe.
A noite escura recua.
Amanhece depressa ali na rua.
Mas esse é o brilho da realidade nua e crua.