Brasília

Brasília

Cidade sem rosto

sem sotaque...sem tempero

a tua dança é a dos gringos

ou dos irmãos que desprezas

não conhece a tua própria voz

desprezas tudo o que és

Cidade de pedra

amas quem te dilapida

que rouba teu leite

derrama teu sangue

despreza quem te constroi

quem te faz ser o que é

Cidade do grandioso

amas quem te esfola

quem te saqueia os cofres

quem gasta teu solo

despreza quem te acolhe

quem te escolhe como mãe

quem te afaga

Cidade da derrota

cada pedra uma vida ceifada

cada monumento uma carnificina

já não há mais beleza em ti

te olho com desprezo

não quero pagar o preço

só pra te ver assim:

carrasca de teus filhos.

Cidade prostituta

vende teu corpo perfumado

vestes teus vestidos caros

se entrega aos que te desejam

te usam e te desprezam

passas arrogantes por mim

que te amava e desejava ter.

Tudo vendi para está contigo.

Vomito sonhos que antes tivera

derramo lágrimas de ódio

te desprezo...meretriz...

podia simplesmente me amar

preferiste o escárnio

deites,agora, com teu inimigo

e eu irei me afogar

nos braços de quem me ama

Bahia, teus carinhos

teu amor...teu mar...

nunca me senti tão amado

e culpado por te negar

agora entrego-me a ti

meu corpo teus vermes irão devorar

é teu o último beijo que desejo

recebe-me como uma concha do mar

que eu seja teu...para sempre.

Fernando Rocha da Costa
Enviado por Fernando Rocha da Costa em 22/08/2006
Reeditado em 31/07/2007
Código do texto: T222762