POESIA URBANA

I

nas grandes cidades

as indústrias fumam sem parar

trabalhamos sem parar

somente os carros param

nas ruas e avenidas

nossa liberdade foi vendida

não paramos de trabalhar

as favelas se reproduziram

porque as grandes cidades seduziram

os frustrados homens da terra

a miséria se transforma em guerra

nas grandes cidades

as prostitutas

disputam vaga nas calçadas

a miséria desfila nas calçadas

as praias seduzem além das calçadas

não há tempo nem para olhar

não paramos de trabalhar

II

as indústrias não param de fumar

os carros passam devagar

quase parando

trabalhamos sem parar

as horas passam

o coração dispara

os carros, devagar, quase param

o guarda apita

os carros param

as pessoas passam pra lá e pra cá

daqui para ali

buzinas tocam

canos de descarga fumam

pessoas gritam

xingam: blá-blá-blá ti-ti-ti

as grandes cidades não param

não há tempo nem pra sonhar

trabalhamos sem parar

Adriano Soares
Enviado por Adriano Soares em 02/10/2009
Código do texto: T1843806
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.