SARAJEVO

Amigos da guerra

Amigos da esperança

Andam lado a lado em Sarajevo

Os sinos dobram

Como notas na carteira num cassino em Lãs Vegas

Os sinos dobram

Pelas pessoas sem nomes que caem mortas no chão

Os sinos dobram

Para que os vivos se abriguem nos porões destroçados

Os sinos dobram

Para que os vivos não morram sem nome

Todo mundo choraria pelo Papa

Mas ninguém choraria por quem não tem nome

O franco atirador vive pelo fogo de uma arma

Vive para matar os órfãos em Sarajevo

Órfãos que não podem acreditar no futuro

Órfãos que vêem no presente a morte e a guerra

Órfãos que viram seus pais perderem o sopro da vida

Órfãos que viram suas mães como escudo

Mães que foram objetos para saciar o prazer

Um dia passou como tantos outros passaram

A noite chegou como tantas outras chegaram

Tão violenta quanto o dia é a noite em Sarajevo

Agora mais do que nunca não existem amigos

Agora mais do que nunca não existem esperanças

Agora só existe a fuga

Fugir do franco atirador que mata crianças órfãs em Sarajevo

Fugir da guerra que inunda com cheiro de morte Sarajevo

Fugir e sobreviver

Porque ninguém chora pelas crianças que morrem sem nome.

Ley Gomes
Enviado por Ley Gomes em 27/02/2009
Código do texto: T1460480
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