Zungueira Imortal

Zungueira Imortal

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ao som de passos rápidos,

rasga caminhos

cantando em fileiras

sobre o sol escaldante,

num pano berrante

e rodilhas estilosas

e equilíbrio atlético.

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Zungueira é mãe

Dá voz ao estómago vazio

dos meninos roncadores

num ritmo melódico lúgubre

Ledo no olhar apático

dos surdos que ouvem

o pregão: - tá qui, tá qui. Olhe o peixe.

e cegos que vêem

a beleza acesa

no colorir dos panos vivos.

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Zungueira é imortal

num mundo vivo

como tempo que passa e passa e passa

mas não morre,

corta os matos e matos e matos

com o banhar da catinga e sovacos brancos

e corre.

num semblante nada

Sorumbático,

mostrando os lindos marfins

como reumático do cansaço

Zungueira são os caminhos

que carregam a vida da cidade.

acompanhando o pregão ora doce ora amargo

Cozendo sacrifícios da prole inúmera

Zungueira é resumo

no pôr do sol: - às vezes banheira cheia e outras vazias

Zungueira

Fernando Tchacupomba
Enviado por Fernando Tchacupomba em 27/03/2024
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