Poema doloso (quando tem intenção de verbar)

Do que adianta lançar o verbo

Se eu criticar a polícia vou parar no cemitério?

Do que adianta assistir o jornal

Se todo brasileiro é sempre desigual?

Do que adianta escrever poema

Se eu nunca vou abalar o sistema?

Do que adianta falar para não me parar

Se eu cruzar a rua eles vão me matar

Passa o celular

E a carteira sem reclamar

Eu quero falar, que preciso reclamar, nada vai me parar

Exceto o assaltante puto querendo me assaltar, pro sistema quebrar e o gatilho puxar

Como pode ser inocente aquele que pode me matar

A culpa é sua por ser pobre e o uber não pagar

Não se fazem bons tempos como antigamente

Os tempos onde meu vô era uma criança sorridente

Dizia Vaz vida loka é quem estuda

Mas não me sobra loucura para manter essa forma lucida

To loko e com medo da noite

To no veneno trabalhando até depois tomar bote

Tapa do bope, perigo do trafico mas o imposto ta pago

Fila no SUS, rua com buraco, outro amigo foi roubado, mas o IPTU ta pago

Depressão só tem voz em setembro, mas a ansiedade me lembra todo dia

Os que olham o telegram chamaram a menina que sofreu assedio de vadia

Alvaro Kitro
Enviado por Alvaro Kitro em 26/03/2024
Reeditado em 28/03/2024
Código do texto: T8028277
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