A rotina do desamparado

Estou nas margens da cidade

Perdi minha casa e a dignidade

Sou apenas um número para sociedade

De alguém que não tem importância e relevância

Seja adulto ou criança

A vida nas ruas nos impõe a irrelevância

O desprezo alheio corrói a esperança

Vidros fechados e olhos virados

É o comportamento de quem está dentro do carro

Sem deixar ao menos um trocado

Segue na avenida ignorando o meu estado

Expondo para mim toda minha invisibilidade

O Poder Pública se exime de suas políticas públicas

Pois esse público não dá retorno às suas candidaturas

Nos resta apenas contar com a generosidade

De quem tem no coração a caridade

Que consegue nos enxergar de verdade

Oferecendo atenção, e até um momento de irmandade

No entanto a rotina é dura e insegura

Sem um teto ou alguma estrutura

As calçadas são camas duras

Sem destino e perspectivas de melhora

Um andarilho vagando mundo a fora

A vida prossegue em escrever a minha história

Até que um dia há de chegar a minha hora

E finalizar de vez os sofrimentos vividos até agora

Por: Saulo Rodrigues

Saulo Rodrigues MG
Enviado por Saulo Rodrigues MG em 17/11/2023
Código do texto: T7934246
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