Sobre o dia

Nunca liguei para o dia

O invadir da luz do sol no chão do quarto

Os corpos se levantando para os afazeres

Monótonos e robotizados

Acreditam que é o começo do intervalo

Deus, exausto com o estapafúrdio

Cotidiano de toda essa humanidade

Rasgou sua voz em claridade

Que é para fazer se enxergar o escândalo

E voltou a dormir, desprovido de horário

Rostos insatisfeitos

Nesses prédios enfileirados

A rotina, penetrada nas ruas, venera o dia

E produz infelicidade doentia

A epidemia temporal dos humanos

Fico à mercê da gente toda

Que não é toda gente

Da filosofia à procura do paroxismo da razão

Para explicar o que não há

Alcança os olhos, mas não pode tocar

Então, nasce o dia

Os raios solares brigam com o concreto

Com o teto do princípio do silêncio

Que vai se transformando em mar barulhento

Faço da minha insônia bem-vinda

Mariane Amaral
Enviado por Mariane Amaral em 03/01/2019
Reeditado em 19/05/2019
Código do texto: T6541640
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