COMOÇÃO SOCIAL
Eu sou poeta e não vejo o amor
Nem o raiar do dia, que pela frecha da janela entrou
Cadê os meus sonhos, colorindo minha vida?
São pesadelos da sociedade parida
Meu jardim não tem flores
Árvores frutificando canivete
Um sete um tatuado no peito
Meu coberto é o viaduto
Meus amigos são pivetes
Ninguém vira adulto
O podre que me aceite
Das migalhas que sobram
Da burguesia que se diverte
Roubando nossos dias
Faturando nossas alegrias
Transformando em sofrimento
Cadê o meu espaço?
No bolo social
Será esse meu traço?
Das sobras do teu mal
Minha vingança infernal
Na noite, no sinal
Uma bala perdida
Ceifará nossas vidas
Enfim o balanço
Dessa comoção social
O pagamento que alcanço
Será isso então meu final?
COMOÇÃO SOCIAL
FRED COELHO/2017