A CASCAVEL
Vou contar pra vocês
Uma história arretada
Que comigo aconteceu
Na beira de uma estrada
Essa história é verdadeira
Não é sem eira e nem beira
Caminhava eu solitário
Naquela estrada vazia
E rezava eu o rosário
Dedilhava as contas bentas
Orando convicto a São Bento
Oh! solidão tão cruel
De repente deu um vento
Trazendo com ele animal peçonhento
Senti as pernas trambecando
Nelas estava se enrolando
Uma feroz e venenosa cascavel
Senti a vista escurecendo
E gritei valei-me São Bento
Pois com a milagrosa oração
A peçonhenta se desenrolando toda
Sorrateiramente desaparece no matagal
E eu, ajoelhado naquele chão de barro batido
Com as mãos erguidas ao pai celestial
E agradecendo à intervenção de São Bento
Por ter me salvado daquele grande tormento.
Acordei atordoado, fui logo me levantando
E ofegante e rezando ainda bem que foi sonho.