DENTRO DE VIDRAÇAS E POTES

Um dia é para ser engarrafado

Dentro de vidraças de janela e potes de geleia

Quando a tarde se aproxima lenta e voraz

Saboreando-se com metas não realizadas

O vazio fica no ar onde oxigênio não existe

Um rosto perdido na imensidão do pequeno apartamento

Vaga entre a poeira de uma cidade que se descama

Estrangulando seus homens e mulheres

Tragando seus sonhos adubados com fuligem

Eu venho de um mundo onde a natureza pulsa

Em seu esplendor como um coração feliz

Mas agora piso sobre lençóis de minerais aquecidos

Fritando esperanças em passos apressados

Eu venho de outros enredos onde os dramas não sufocam

E os abraços, ainda que não dados, são mais sinceros

Olhares atentos vigiam a vida em seus rasgos

Aptos para costurar com seus fios pensativos

A simplicidade de andar descalço sobre os atalhos serenos

Eu não me acostumo com as programações urbanas

Ventiladas com redemoinhos sobre o asfalto pálido

Em cada momento que sou produtor, produto e consumidor

Rabisco em minha agenda o próximo passo sem direção

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 15/10/2017
Código do texto: T6143558
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