Maria
Maria
MARIA
Descalça
Seria
Sem graça?
Indomada
Maria
Tanto
Às tuas
Mãos magras
Que não acompanham
À tua mente alterada
Que torna a mão
Fortificada
Que não seguram-me os braços
Tampouco a alma
Maria
Pouco pacata
Tuas roupas curtas
Não inibem
As Marias largas
As mangas largas
Maria
Viajada
De norte a sul
De sua nata
Ao povo
A tu
Não faz morada
Maria
Tão cheia de graça
Não sorri sem ter
Louvado-lhe a calma
Tirado-lhe a calma
Na cama
Na estrada
No karma de ser
Maria
DESALMADA!
Ora, poderia
Tirar Maria
De sua casa
Só por amar-lhe as pernas
Mas não o suficiente para poder tirar-lhe as calças
Da alma
Maria
Bruxa
Por enfeitiçar-te os olhos
Sem esforços
Sem modos
E aos destroços lhe lançar!
Maria
Mãe de si
Mãe de ti
Maria...
Destemida
Carente de vida
Que chora à vida
Por acreditar poder sorrir
Mesmo que Maria
Em mãos de uma sociedade maldita
Seja posta a obedecer
Se não quiser ter
Seu nome combinado à uma esquina
Ó Maria
Do Piauí
Da Bahia
De São Paulo
De Brasilia
Não é teu destino ser santa,
inclusive tu,
Santa Catarina!
Maria
Mostre as pernas e tua sabedoria
Pois além de dama
és da guerrilha
Confio em mim
Também sou Maria.