A cidade fria

A cidade fria, opaca e vazia

Me inspirava poesia

Casarões antigos, seculares e românticos

Pareciam dormirem silenciosamente

Ao som da chuva fria

Colares de luzes

Azuis, vermelhas, lilases e amarelas

Adornavam a cidade dos poetas

Em todas as vitrines

Os tons eram pálidos, marrons, opacos

Sóbrios, escuros e tristes

Ninguém se aventurava a usar algo alegre

Ninguém se atrevia a vagar pela noite colorida

Onde estão os loucos e os poetas?

Apenas um bêbado lusitano

Parecia entender o mistério daquela noite magica

Suas pernas trêmulas e tortas

Não importa

O que importa é que elas vão e vem

Dançando suavemente pelas ruas escorregadias

As quatro estações de Vivaldi

E num olhar nostálgico

Tudo parecia exalar poesia

E a chuva caia: cândida, mansa e serena

E embebecia a aldeia fria e vazia

Mas em cada canto e no menor recanto

Havia poesia

Antonio Magnani
Enviado por Antonio Magnani em 23/02/2016
Código do texto: T5552299
Classificação de conteúdo: seguro