O fascínio
Me indago se o tempo nesta ampulheta é o suficiente.
A minha vida num grão, num pote, numa queda se pôs ao inerente.
E dentre outros grãos eu me repouso, espero até um deles gritar, ai então eu me sinto vivo num fascínio extinguindo o vazio de meu coração.
E em meu deleite nessas vidas eu vejo e posso como a posse de que existo só para isso, um dom, uma possibilidade, uma dor de cabeça, uma maldição, o vidro num fosco, num foco cansado, numa cegueira confortável.
E se eu jogar um corpo do grão nesta película? Seria o melhor de mim vencendo mais do tempo.
Eu quero ver o que tem além dos olhos.
Eu quero ver o que tem além de mim mesmo.
Mas talvez eu me permaneça aqui num repouso, numa calma, numa vida.
Porque talvez vencer o tempo seja só me acostumar a aceitar a ele.