O fascínio

Me indago se o tempo nesta ampulheta é o suficiente.

A minha vida num grão, num pote, numa queda se pôs ao inerente.

E dentre outros grãos eu me repouso, espero até um deles gritar, ai então eu me sinto vivo num fascínio extinguindo o vazio de meu coração.

E em meu deleite nessas vidas eu vejo e posso como a posse de que existo só para isso, um dom, uma possibilidade, uma dor de cabeça, uma maldição, o vidro num fosco, num foco cansado, numa cegueira confortável.

E se eu jogar um corpo do grão nesta película? Seria o melhor de mim vencendo mais do tempo.

Eu quero ver o que tem além dos olhos.

Eu quero ver o que tem além de mim mesmo.

Mas talvez eu me permaneça aqui num repouso, numa calma, numa vida.

Porque talvez vencer o tempo seja só me acostumar a aceitar a ele.

Johnny Gonçalves
Enviado por Johnny Gonçalves em 01/07/2023
Código do texto: T7826996
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