ENSIMESMADA CRIATURA

Às vezes sou movimento

E nenhuma amarra me segura

Noutras vezes, pensamento,

Ensimesmada criatura.

Quase sempre sou sentimento

Que nem sempre acha o que procura

Poucas vezes arrependimento

Apesar da insistência insegura.

Em tudo sou envolvimento

Até na tempestade escura

Se há algum estranhamento

Também me sobra em ternura

Assim, quando for meu sepultamento

Dirão: não foi vida existência obscura!