Tempos que estão por vir

A mesa está posta, servidos, caros amigos? E o bule se intromete ao assobiar. Água fervendo até o pescoço, ele ignora a sentença, e quase morrendo, dissimulado, pergunta: alguém quer chá?! É certo que o mesmo café pode ser amargo ou doce a depender do paladar. E o bobo da corte repete a piada, e a plateia tão alienada, ele nem tenta inovar. Os tolos se divertem por cima dos corpos, dançam por sobre os mortos, serenos no pátio a valsar. Os intelectuais, na contramão do relógio, desfazendo a arruaça, por demais ocupados, explicando o óbvio, pacientes a dialogar com quem não sabe e nem quer escutar . E o mal faz a cama e de tanto se passar por santo, erva daninha se cria sem ninguém desconfiar. E os bons já se cansaram todos, esmurecidos, acabaram por se calar. Quem haverá de lutar?. E a vida segue seu compasso num infortúnio arrasto, contando os passos, tentando não colapsar até o próximo pesar. Eis que o caos agora bate à porta e nos dá a sábia chance de mudar. No futuro talvez não haja essa sorte, e ele decida ao próprio norte esse mundo autorregular. E a questão é: quando chegar esse tempo será que haveremos de estar lá?. Quem é que sabe?. Melhor não arriscar!