Homem que come gente.

O Abaporu é triste.

O sol amarelo lhe queima

A pele,

Trinca o chão sob seus pés

De gigante.

O espinho da palma lhe fere

A mão, o estomago e coração, pungente.

Mas a tristeza não vêm do trabalho

Duro no campo, não vem da poeira da caminhada.

Não, vêm da percepção da contingência,

Do descaso do tempo e do espaço para com tudo.

Abaporu sente a inutilidade das coisas.

Abaporu sente seu próprio distanciamento do mundo das coisas.

Abaporu toca o vazio.

Abaporu sente náusea e desespero.

Abaporu é gente agora.

Abaporu devora a si mesmo.

Abaporu é melancolia,

Ele come a noite

E goza o dia.

Fabiano Stopassolli
Enviado por Fabiano Stopassolli em 05/04/2020
Reeditado em 16/02/2021
Código do texto: T6906954
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