Calendários...

A janela do ônibus (meio embaçada).

A lente dos óculos (meio arranhada).

Talvez por isso o mundo soe tão opaco.

Tão falta, mesmo que tão cheio de espaço.

As luzes de natal já se acenderam.

Sepultando velhos sonhos que em nós morreram.

Reluzindo novos quereres, novos projetos.

Novas promessas, novas cores, novos afetos.

Logo, os calendários serão trocados.

O sopro da esperança, em nós, renovados.

E então, há de começar tudo do zero.

Tudo é velho, tudo é novo, tudo eu quero.

Mas cá pra nós, doses do meu ser pragmático.

Fazendo tudo igual, sem querer ser dramático,

Já dizia a lei do eterno retorno, coerente,

é impossível tecer um enredo diferente.