Minha Querida Bahia!

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Que surge dos mares do Sul as montanhas do Oeste.

De raízes do Brasil.

De canções praianas a dança que encanta.

Formada pelos verdadeiros donos de nossa terra.

Dos índios e negros a chegada da charmosa cabocla.

Que enfeitiça e ilumina os corações dos frios.

Aquece com o calor humano, chega de mansinho, vai conquistando devagar com jeitinho aqueles que dormem sob o céu estrelado e o som das ondas do mar.

De natureza exuberante. De mares, rios e matas que se juntam formando uma atmosfera de paz e tranquilidade como nenhum outro lugar no mundo.

Da forte cultura popular.

Onde a diversidade é encontrada na simplicidade.

Onde por menos se vive mais.

Vindos das energias dos quatro elementos.

Do banho de mar a chuva de inverno que cai devagar.

De grandes terras férteis a areia da praia.

Da fogueira de São João ao calor do sol.

Da brisa do mar ao movimento de Iansã.

Que inspira os que vem de fora e da força aos que estão aqui dentro.

Do contato com o pescador ao empresário de visão.

Do tradicional a inovação.

Que vem conforme o tempo, em seu devido tempo, pois aqui o tempo é contado de maneira devagar.

Ele passa por nós sem ao mesmo perceber que o sol já nasceu e a lua cheia está a chegar.

Naquela noite eles tomaram um banho de luar, na luz que a lua nos dá.

Na piscina sem fim de águas salgadas o banhar noturno ultrapassa o medo e sente um pouco do conceito de se libertar.

Volta renovado, energizado pelas forças da terra que sente com os pés descalços na trilha pouco usada no caminho do morar.

Chega em sua rede, símbolo de nossa cultura, do descansar, de nos fazer pensar sem preocupação no que vai dar.

Da visita do amigo, do vizinho ou alguém que está a chegar.

Aqui as mãos são abertas como o próprio coração do humilde que oferece a ti tudo que tem a dar.

A fartura na mesa, a farinha da roça, o peixe que vem do mar, a hortaliça da agricultura familiar.

Tudo muito natural e orgânico. Certo como deveria ser o cotidiano do ser humano.

Aquele que vem de fora inspira-se no ontem e na esperança de um melhor amanhã, mesmo ele sente resistência em mudar.

Vê de perto o mar, os pescadores no litoral, o São João do centro de nossa querida BA.

Quando percebe foi inserido nisso tudo, nos mestres poetas músicos antigos ao novo sonhador que pensa numa vida melhor.

E se você chega agora, pensas que já viveu muito, que já viu de tudo, surpreende-se ao ver como o modo de viver de nossa terra movimenta-se num equilíbrio que é surpreendente.

Nas simples ações que os pensadores se inspiram. Na rotina do trabalhador que sai manguear na praia em busca do sustento da família.

Conversa com a esposa que espera o pescador chegar com os peixes e a fartura que o mar pode dar.

E diante de um mundo tão corrido, ele para e pensa,

– Será mesmo que as atitudes que tomo em meu dia a dia são onde quero chegar?

Ele ainda continua imóvel esperando calmamente o café orgânico onde a família foi buscar.

Sente-se como um deles mesmo conhecendo o mundo como ele é.

Encanta-se com o simples cotidiano, adquiri novos hábitos antigos.

Segues um caminho de paz e sinceridade como já não existe mais.

Abandona parcial o capital.

Agrega sua bagagem que já tem as novas simples experiências do dia a dia da Bahia.

Terra de canções de Vinicius a Dorival, dos mestres da cultura ao conhecimento patriarcal vindo de histórias contadas pelo pajé pataxó na região da primeira terra vista por Cabral em 1500, chegada em nosso litoral.

E mesmo depois de mais de quinhentos anos com tantas explorações sem limite, alguns ainda tentam manter o conhecimento dos antigos, dando não tanto valor aos conceitos superficiais vindos dos que chegam das grandes metrópoles.

Respeitam e cultuam os valores dos conservadores, dos pais e dos avós, do conhecimento vindo de histórias antigas contatas por eles. Sem ligar para nem dar valor aos breves posts das redes sociais.

Aqui o neto ainda presta atenção e aprende com a avó rendeira, com o avô pescador.

E mesmo depois de ter saído para o mundo, ter conhecido culturas muito diferentes da nossa acaba retornando as velhas raízes com ideias novas para melhorar ainda mais a nossa Querida Bahia.

Por que lá é que ele vai ficar.

Pedro de Alcântara
Enviado por Pedro de Alcântara em 24/05/2019
Reeditado em 12/10/2020
Código do texto: T6655706
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