O artista
Nada é mais louco que ser um equilibrista.
Andar na corda bamba e se expor por completo em seu dia a dia.
Um dia ele está no auge, no outro ele é o próprio fundo do poço.
Ele é a sua própria obra de arte.
Dissimulando sua realidade, pintando pequenas obras de artes.
Um dia ele é palhaço, no outro ele é cantor.
Dizem para ele: “Tudo um dia dará certo” e “Tudo ficará bem”.
E ele acredita e passa a ser cheio de fé.
Um dia ele é frágil como um homem, no outro ele é macho como uma mulher.
O que eu vestirei? Que papel me aguarda?
É hora de acordar, pois a vida não para por nada.
Um dia ele é japonês, no outro ele é inglês com toques de francês.
O que eu como? O que eu faço?
O tédio não pode tomar conta senão, ele perde o disfarce.
Um dia ele é um anjo, no outro é o diabo.
Para onde eu vou? Onde eu devo atuar?
Ele come pouco, pois o pouco é para poupar.
Um dia ele é pobre, no outro ele é rico.
E qual é a maquiagem, qual é a máscara?
Quem ele é hoje? Quem ele deve replicar?
Um dia ele é comum, mas em todos ele é um artista.