Se não eu

Se não eu, quem mais será por mim

Se o desejo não me toma

e a vontade não me invade?

Quem mais será por mim, senão eu

Se estar aí a vida e não vivo

E no caminho não caminho?

Não foi a vida quem não me sorriu

Fui eu quem não lhe deu uma risada

Mostrando o dente de contente.

Não foi o inverno que entristeceu tudo

Que escondeu o sol em seu manto cinza

Foi meu coração sem coragem quem pintou tal paisagem.

As cores sombrias do mundo, do dia

Estão dentro de mim, são só minhas

As vezes coloco alegres cores, vivas, de amores.

Fico com medo quando a indiferença me difere

E nada sinto por longos tempos

Em estado cadavérico, de mim mesmo periférico.