Tédio

Que tédio...
que tédio eu sinto agora!
Só queria me desligar um pouco
Mas nem tenho vontade para sono no momento!
Tenho apenas tédio de mim mesmo
desse deserto de céus manchados de tintas azuis,
de areias cinzas e de visões turvadas
...não penso em nada, apenas minh’ alma revira
e vira e volta a reveriar novamente

em busca de um êxtase, de uma droga
de amor, paixão alucinógena que te arrebata
de tesão por alguns instantes,
te vicia e te faz querer mais e sempre mais!
Vento no rosto com poeira de terra
Por acaso, trar-me-ia alguma vitória agora?
Quiçá!
Um clássico de cordas, com uma dúzia
de notas rodopiando nos ares e me
levando para dentro do desconhecido
mundo do universo em mim mesmo
(quem sabe tocaria as estrelas daqui)

mas o que tenho no momento
apenas vontade de nada, de não fazer
nada,  absolutamente...nada! 
Que opacidade! Sem vontade de nada...
nem de repousar a carcaça

nem de amar, nem de se doar, abençoar,
odiar, nem de cultivar as plantas que
estão ressequidas no jardim dos sonhos
tampouco poda-las. Apenas deixa-las
lá! Queria um pouco de fogo: água ardente
com algumas frutas, para me embebedar
quem sabe ficar louco em devaneios
 visitar os meus anseios, desejos, fantasmas
e medos e assim ter algo para me preocupar!
Mas olha...se eu pudesse mesmo escolher
o que fazer para fugir dessa lassidão de espírito
Ir-me-ia  embora...Sim embora!
Em qualquer estação pararia: tomaria
um café com uma gota de chocolate
 e menta – repousaria num hotel em
hotel sem muitas estrelas, mas que tenha
calor humano, afago e que servissem
geleia de amora na recepção
e depois...
Seguiria por aí viveria – como se fosse o último
dia dessa minha vida pacata ,
encontraria um amor, uma paixãozinha aventureira
para dividirmos
o café da manhã e de tardezinha tomarmos banho de chuva e rirmos de nossas mazelas!
Mas o que tenho agora é tédio, muito tédio!
E o tempo somado ao tédio
Não passa nunca:
Ficamos perdidos, como os relógios  de Salvador Dali 
no abandono derretendo...e num silêncio, nossas almas ignoradas 
ficam possessas de abstração de sentidos
e sentimentos, combustão para o aumento do tédio,
 que amplia em lócuo gradativamente...
Ah... e daí?! Que se dane o tédio, o desassossego
Que se dane tudo isso, amanhã, bem de manhãzinha
Vou curtir o sol alaranjando, erguendo-se no horizonte
ou quem sabe uma chuva forte, um temporal  e tomarei
um café quente!
Ah...que se dane o tédio, o
s pássaros cantarão de novo, senitrei outras nuances na taça com servido malbec argentino e conhecerei outros amores, outras verdades, sentirei outras saudades e o tédio vai se dissolver no nada, no vazio dessa imensidão. O tédio ficará tão só, mas tão só diante das grandezas das coisas que acontecerão, que ele irá embora!
Mas por enquanto, nada quero, senão encerrar essa poesia, fumar um cigarro e curtir o meu tédio...

 
Eliezer Teodoro
Enviado por Eliezer Teodoro em 14/07/2018
Reeditado em 15/07/2018
Código do texto: T6390193
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