Não me perguntes

Não me perguntes de onde venho.

Venho de onde o vento me leva,

leve como uma pluma.

Densa, como o azeite,

das velhas oliveiras,

com a acidez perfeita,

para perfeitos paladares.

Venho de onde o sonho se esconde,

e espia as realidades, como um sonho a mais.

Forte como os salgueiros,

que envergam, mas não quebram.

Não me perguntes, se venho do norte ou do sul.

Sou filha do sul, apesar da minha alma ser do norte.

Amo o frio do sul, choro pelo calor do norte.

Ainda assim, não me perguntes nada.

Venho, sempre de onde o norte me guia.

Há vezes que ele me perde, há dias em que dele me perco .

E, no final sempre nos encontramos,

eu com ele, ele comigo.

Não me perguntes, se gosto de chuva ou de sol.

Gosto daquilo que me faz feliz.

Faça chuva ou faça sol.

Mas, ainda amo mais a chuva,

os dias cinzas, nostálgicos.

Nem por isso tristes,

porque sei que o sol voltará a nascer.

Venho de onde, a alegria fez morada.

A gratidão, fez casa.

Leve como uma pluma,

densa como o azeite.

Feliz, com o que tenho,

viva, sem mentiras.

Não me perguntes, de onde venho,

venha de onde venha,

venho de quem me ensinou.

- Venho de quem eu sou,

e, ainda tento ser amor.