UM ENTRE LUGAR CHAMADO SAUDADE

Chegando sem plenamente estar, preso ao que ficou; ansioso, tecendo caminhos que virão, seria isso o presente? Entrelugares, entre espaços, entre gentes; desconforto, venha, entre. Entre o céu e a realidade, a terra e o despejo, algo como o nada; a vir a ser, uma proposta de futuro que sempre há de chegar. Passou a experiência, restou apenas o passado como recordação daquilo que já foi futuro, uma ausência presente. Quando já se viveu tudo, já se viveu; resta somente o vácuo, a inércia de ser, a vivência sentida; sem sentido os sentidos. Como viver e não estar vivo, risos, madrugadas e incertezas, sombras por parcerias; eis o contínuo, assim, perdido em pouquíssimo tempo, chegando a um fim sem fim. É preciso a escuta para sentir o tempo, nela se percebe os entrelugares, as dobras espaciais, daquilo que se perde e não mais se encontra, as gentes: nelas há significâncias que em nós se perde e nos prende.