Tortura social

Num zigue-zague infernal, era assim que eu vivia.

Uma vida póstuma, que começara logo assim que a outra terminou há muito, regada de uma inteligência reprimida por medo de ser morta pela burrice dos outros.

À noite, acompanhada de si mesma, adorava a própria companhia, mas às vezes, odiava.

Quando tinha companhia nas noites de sábado, era dos falsos ricos que sempre buscavam outros falsos seres humanos que só tinham humanidade quando o preço da bebida aumentava bruscamente.

Drogava-me um pouco com um pouco de tudo; me acostumei a isso.

Injetava substâncias que me faziam ser capaz de rir daqueles idiotas mesmo querendo estapeá-los.

Fumávamos todos, passando de mão em mão, a solidão que somente eu gostava de sugar.

Eu servia como chacota para os nobres por ser a única diferente e pobre e que terminaria aquela noite sozinha da mesma maneira como chegara naquele lugar.

Eu ria deles por irem para casa com homens e mulheres que só ficavam atraentes por causa da sua capacidade de se tornarem uma espécie de armário para esconder toda aquela gentalha obtusa.

Thina Freitas
Enviado por Thina Freitas em 09/07/2017
Reeditado em 02/08/2017
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