Psicose de uma vida meio vivida
Vivo numa psicose
Sempre perseguido
por um algoz tão bem conhecido
Medo é seu nome
Nessa, descobri não apenas uma prisão
Mas um sistema carcerário por completo
Me faz sentir preso como inseto em boca de planta carnívora
Mas aos poucos vou me livrando
E o medo, irrisório vai se tornando
Mesmo com os sonhos incessantes
que apenas vem me atormentando
Tamanho é o desgaste mental
Que na euforia me vejo transbordando
Em sonhos de uma realidade surreal:
Aconchegante
Em que o amor era o basta que me faltava
Pra lidar com o tal algoz indiferente
E viver numa realidade tão distante
Tão distinta
Em que a perdição ao teu lado
É sinônimo de salvação
Pena que tal psicose
Não passa de ilusória utopia
Banho-me nela todo dia
Na esperança de que se torne algo ordinário
Mas é impossível
Cada vez mais
O banho se torna extraordinário
E no fundo
traz sempre comigo
Memórias póstumas de uma vida ora imaginada, ora vivida:
O protagonista é cadáver adiado
Entregador e recebente
Autor único da própria vida
Que ainda assim
Resolveu compartilhar de todas suas obras
Com todos os que lhe foram importantes
No fim de seu adiamento
Teve a felicidade de ficar triste
Por saber que a partir dali
Já não poderia mais amar
E muito menos, compartilhar
Mas ainda assim, feliz
Por saber que soube aproveitar
Ao lado de pessoas que lhe ensinaram o que é amar