Psicose de uma vida meio vivida

Vivo numa psicose

Sempre perseguido

por um algoz tão bem conhecido

Medo é seu nome

Nessa, descobri não apenas uma prisão

Mas um sistema carcerário por completo

Me faz sentir preso como inseto em boca de planta carnívora

Mas aos poucos vou me livrando

E o medo, irrisório vai se tornando

Mesmo com os sonhos incessantes

que apenas vem me atormentando

Tamanho é o desgaste mental

Que na euforia me vejo transbordando

Em sonhos de uma realidade surreal:

Aconchegante

Em que o amor era o basta que me faltava

Pra lidar com o tal algoz indiferente

E viver numa realidade tão distante

Tão distinta

Em que a perdição ao teu lado

É sinônimo de salvação

Pena que tal psicose

Não passa de ilusória utopia

Banho-me nela todo dia

Na esperança de que se torne algo ordinário

Mas é impossível

Cada vez mais

O banho se torna extraordinário

E no fundo

traz sempre comigo

Memórias póstumas de uma vida ora imaginada, ora vivida:

O protagonista é cadáver adiado

Entregador e recebente

Autor único da própria vida

Que ainda assim

Resolveu compartilhar de todas suas obras

Com todos os que lhe foram importantes

No fim de seu adiamento

Teve a felicidade de ficar triste

Por saber que a partir dali

Já não poderia mais amar

E muito menos, compartilhar

Mas ainda assim, feliz

Por saber que soube aproveitar

Ao lado de pessoas que lhe ensinaram o que é amar

Juliano Cavalcante
Enviado por Juliano Cavalcante em 19/02/2017
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