Medo

Há algo de comum no medo...

nos dias a tardar escuros,

nas manhãs onde a vida começa

e continua da mesma forma,

como os gritos do ventilador

e os lamentos do relógio.

Há algo de intenso no medo...

as memórias perdidas

de momentos que não encontrei,

o braço que lateja em uma madrugada

a solidão amargurada no peito,

doendo e contaminando todo o corpo.

Há algo de feio no medo...

a ausência continua de qualquer dia

o café requentado da manhã passada

o violão jogado no quarto,

coberto por poeira e teias de aranha...

sou mais que tudo um sofredor.

Há algo de distante no medo...

que destoa de qualquer palavra sã

e me impede de abrir aquele ebook

e retomar as viagens de outrora.

existe uma dor estranhamente comum,

que nos mata e apenas chora...

o mundo é uma chama em decomposição.

e o medo se destaca na solidão de muitos.

Há tantos significados no medo...

não cabe o meu coração ferido e partido

não cabe minha existência estranha e imperfeita

não cabe a incapacidade de voltar a sonhar

O medo arde, o medo dói,

mas no medo há só o medo...

a minha angústia é muito maior.

Josué Viana
Enviado por Josué Viana em 11/11/2016
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