Aqui jaz... quem?
Aqui jaz um menino morto,
Morto de bala perdida
Como assim bala perdida?
Se a bala o procurou por toda a vida.
E no final daquele beco sem saída
Um menino perde a vida que nao foi vivida
Mais um fulano passa a enfeitar rodapé
De um jornal qualquer.
'' morre um marginal ’’
Diz-se em letras miúdas.
A mãe chora,
O pai disfarça com justiça, a vingança
E a irmã, não mais que uma criança, nada entende.
E quem é que compreende?
Quando um corpo cai de repente?
Aqui jaz um menino morto?
Quem é que vai se lembrar
De um menino sem nome, sem rosto?
Aquele que morreu de bala perdida?
Não, aquele que foi vítima da vida.
E agora já não passa de uma memória esquecida.