Aqui jaz... quem?

Aqui jaz um menino morto,

Morto de bala perdida

Como assim bala perdida?

Se a bala o procurou por toda a vida.

E no final daquele beco sem saída

Um menino perde a vida que nao foi vivida

Mais um fulano passa a enfeitar rodapé

De um jornal qualquer.

'' morre um marginal ’’

Diz-se em letras miúdas.

A mãe chora,

O pai disfarça com justiça, a vingança

E a irmã, não mais que uma criança, nada entende.

E quem é que compreende?

Quando um corpo cai de repente?

Aqui jaz um menino morto?

Quem é que vai se lembrar

De um menino sem nome, sem rosto?

Aquele que morreu de bala perdida?

Não, aquele que foi vítima da vida.

E agora já não passa de uma memória esquecida.

Carlos Mayado
Enviado por Carlos Mayado em 11/09/2016
Reeditado em 13/09/2016
Código do texto: T5757123
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