TEMPESTADE
Um vento firme, cheio de atitude,
assopram os pássaros em uma direção,
as árvores movimentam-se
e as folhas dançam a contramão...
o céu aberto, límpido, azul se fecha
em nuvens negras, densas, passageiras
barulhentas parecem avisar,
são tempestades de verão, desordeiras...
das roupas que estão no varal coberto
só restarão as que estiverem bem presas,
e as que estão ao relento,
precisam ser recolhidas a tempo...
Ao longe o vento já frio traz consigo o cheiro da terra
da transpiração das plantas na sequidão da atmosfera...
o céu exclama, só eu sou capaz de verter calor e umidade
descrito no trovão como sinal da sua autoridade...
e o encontro se faz, da massa quente de ar
com a umidade trazida do mar,
e o céu novamente exclama
relampeja, raios e braveza...
a chuva, forte, densa sempre acompanha o vento,
bravo, destemido, agressivo por onde passa,
destelha hora ou outra alguma casa
e molha não só o peitoril da janela,
mas as roupas não retiradas a tempo,
as soltas que caíram em algum momento...
à casa o vento deixa marcas aos móveis,
poeira, água e terra, desordem para todo lado,
o rodo então faz sua vez no clima abafado...
quando o céu exclama novamente
dessa vez sereno, mansinho,
brotando um raio de sol na face da gente...
e as ultimas gotículas de água presas as nuvens
rompem o céu a favor da gravidade
e o sol tímido brilha através delas...
num arco-íris de firmes certezas,
de mansidão e fortaleza
de afirmação e destreza
entre ter e ser
prevalece então o ser...
ser sol que brilha antes da tempestade,
ser vento que anuncia a violência das águas em precipitação,
ser pássaros que se formam e cantam em anunciação,
ser roupas presas ao varal, e deixar de ser as que caíram ao chão,
ser raio, relâmpago, trovão
ser poeira, desordem, arrumação,
ser manso, sereno, rompendo o mundo e ter o céu como permissão,
ser arco-íris, amor em qualquer estação...
que seja essa a minha doce, imperfeita, dura, MISSÃO...
Fruto das tempestades, marcas da idade,
arco-íris em qualquer habitação...
21/08/2016
Campinorte