ENVELHECI, MAS NEM TANTO

envelheci, mas nem tanto
ainda me emociono com a flor se abrindo
me encanto ao ver uma criança sorrindo
me curvo diante da memória que me traz 
um traço perdido da minha história
e revejo minha minha vó acariciando seu rosário
de contas, a quem ela contava suas dores e vitórias

envelheci, mas nem tanto
me espanto com a beleza da antemanhã
me debulho em lágrimas diante do poente
me compadeço da ave que ficou sem ninho
me enterneço com a doçura de um simples carinho

envelheci, mas nem tanto
já não gozo de boa audição 
em contrapartida agucei os ouvidos da alma
e hoje escuto a música dos serafins
perdi muito da flexibidade do corpo
no entanto, ganhei no entendimento da vida

envelheci, mas nem tanto...




(Imagem: Lenapena - East River, hora do poente)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 12/07/2016
Reeditado em 12/07/2016
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