18:35
Dentro dessa prisão cotidiana, não há alteração de luz
Me vejo perdida no tempo...
Se me empolgo no trabalho posso virar a noite
Pois sempre será dia.
As bancadas serviçais me escutam atentas
Os equipamentos frios me fazem companhia
A geladeira prata reflete meu cansaço e
O efeito dessa tortura, de um dia inteiro sem céu
Não sei se chove, se venta, se um avião corta o azul
Sempre a temperatura ideal controlada,
É sempre inverno
Quando, enfim, deixo minha torre
Para fazer minhas refeições (outra prisão)
Olho para o alto, entre dois prédios,
E vejo um encarcerado céu azul
Ou cinza chuvoso
Talvez um crepúsculo multicolor
E a noite sempre linda, dona de si e de tudo
Volto ao mundo real, a temperatura me abraça
O vento passa correndo para me ver, às vezes
Termino o dia com a sensação de que são
sempre iguais, só o céu me salva
No estacionamento peno a encontrar meu carro
Estou certa de que estacionei aqui hoje ou ontem
ou mês passado
É sempre igual, sou sempre igual
Só você me salva.