O MENDIGO PUXOU-ME PELO BRAÇO
Há mais de vinte anos aconteceu comigo.
Notei uma mendigo assentado no passeio e pedia esmola.
Sem olhar quanto, tirei de dentro da carteira varias notas.
Coloquei todas dentro de uma latinha.
Sem olhar para os lados decidi ir embora na mesma hora.
Depressa o mendigo puxou-me pelo o braço.
Pela posição dele no chão fui forçado a me ajoelhar.
O tal mendigo queria comigo falar.
Ele tinha a voz carregada de imensa emoção.
_ De hoje em diante considero-te como filho...
_ Você me deu a quantia certa que eu pedia a Deus
para que uma alma realmente caridosa fosse enviada
e deixasse dentro da latinha a quantia certa...
_ Hoje eu vou poder finalmente voltar para minha casa.
O mendigo me abraçou e esfregou seu rosto suado no meu rosto.
_ Meus filhos me abandonaram na rua...
_ Você é agora para mim o que os meus filhos não são...
_ Deus te possa dar tudo em dobro...
Sentindo ainda o cheiro do suor do mendigo em meu rosto,
vi ele levantar-se do chão onde pegou suas roupas
e todos os seus pertences de mendicância.
Guardou tudo dentro dum saco todo sujo.
Foi a seguir embora feliz da vida mostrando ao céu
as notas que tinha em suas mãos calejadas.
( J C L I S )
ESCREVI ONTEM.
"Esse acontecimento é uma lembrança ainda forte.
Posso sentir como se fosse hoje o cheiro do suor
do mendigo que me impregnou o rosto."