Eco
Como um eco
Seu nome se repete em meus pensamentos
Como castigo ou como benção
Nada é mais forte do que esse mantra mudo.
Se estou em silêncio cada sílaba me vem como gritos
Em meio às vozes você me vem como empurrões numa multidão
Na tristeza aparece como reprimenda ancorando o vazio
Na felicidade são sussurros ao pé do ouvido
Cantados enquanto o sol se põe
É um arrepio na alma
Uma música de uma só palavra e uma só nota
Que atormenta e acalma de uma só vez
É o veneno e o antídoto numa numa só dose
Cantado como uma assobio de vento manso
A cada invocação tem-se uma imagem nua da face
Traz também cheiros e movimenta outros sentidos
O som do seu nome passa a deter uma polissemia
Mesmo assim tudo parece ausente de sentidos
É uma necessidade angustiante
De manter o eco ressoante, vibrante
Todavia desintonizado com os outros significados reais.