Conto de falhas
Eu tenho medo de altura,
Eu tenho medo de altura e moro no vigésimo andar.
Eu tenho medo de escuro,
Eu tenho medo de escuro e minha rua não tem iluminação.
Eu tenho medo do mar,
Eu tenho medo do mar e tenho que pegar barca pra ir pra cidade.
Eu tenho medo das pessoas,
Eu tenho medo das pessoas e tenho que trabalhar com elas.
Eu tenho medo do medo.
Eu,espera,como se tem medo do medo?
Finalmente você parou de competir comigo.
A minha vida é um conto de falhas e sei que a sua também,mas não precisamos competir.
Você pode me ouvir, saber que dói, saber que temos as mesmas dores e ainda assim me ouvir,porquê no fim não são os calmantes que me salvam, são os afagos de alma,os risos de amigos e o ronronar da minha gata.
No final do dia eu não contabilizo as falhas se tiver com alguém a me dar cafuné.
Mas que ironia essa,eu que anseio viver sozinha sinto-me bem em estar com a companhia certa.
Sei que você também.
Mas porquê? Quem saberá?
Eu já nem quero tentar.
Meta agora é só me isolar, passar por ai dando adeus e morar lá em alto mato,beira mar ou casinha de sapê.
Até porquê foram anos me adequando,
Alegrando,
Motivando,
Impulsionando,
Fazendo valer a pena cada olhar que me deram...
E em troca o vazio foi devolvido como se fosse devido, a solidão, a avareza, a hipocrisia, a ilusão, a humilhação, a mais suja e vil mentira...
Eu sei que não há outro culpado senão eu mesma por me permitir sofrer por causa de pessoas assim.
Eu também sei que cabe a mim transformar meu conto de falhas.
Eu li todos os livros, fórmulas, dicas e gurus...
Eu só me cansei, quis parar, mas não pude.
Quis descansar,mas sempre tinha alguém mais necessitado.
Quis seguir e não pude pois me prendiam ali..
A regra é quebrar as correntes e voar.
Longe no céu e de lá destruir todo esse conto de falhas, zerar a vida e recomeçar.
De qualquer jeito,
Em qualquer meio,
De qualquer forma...
Só zerar tudo e recomeçar.
By Lilyth Luthor