SINFONIA NA ESCURIDÃO

Nunca entenderam, nunca perceberam que a música de notas noturnas,

Tinha um sabor doce de quando a lua toca o mar,

E joga seu tapete prata sobre as ondas,

Queimando a água sob sua luz gelada,

Enquanto faz tocar a sinfonia na escuridão.

Nunca entenderam que os lobos saem à noite, mas são guiados pela luz da lua,

Que não brilhava sozinha, mas clareava,

E entre a penumbra os uivos se imiscuíam aos ventos,

Cantavam os lobos a solitária canção,

E quem ainda respirava ouvia a sinfonia na escuridão.

Nunca entenderam que os calados não tinham suas bocas mordaças,

Apenas observavam que à noite era apenas um disfarce do céu,

Que na escuridão chorava sem ninguém ver,

A despedida de seu sol,

E o orvalho eram as lágrimas de quem ouvia a sinfonia na escuridão.

Nunca entenderam que a música era constante,

Mesmo quando a lua iluminava,

E os lobos uivavam,

Enquanto o orvalho caía,

Se ouvia a sinfonia na escuridão.

Mas não cabiam explicações,

Pois o vento poderia as palavras levar,

E se o nascer do dia fosse um milagre ou utopia,

Eu faria deste abraço um lar durante essa noite,

Para não sentir medo enquanto ouço a sinfonia na escuridão.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 07/08/2017
Código do texto: T6076989
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.