Ausência
Eu tenho medo de abrir a janela
E sentir a lufada da desilusão.
Eu preciso deitar no papel
O meu pavor do desamor que se apresenta.
Dizem que o poeta se alimenta de versos,
Mas digo que estão errados
Porque sem o amor não brota a poesia.
Do vazio no meu peito, eu grito.
Ecoam apenas as minhas frustrações.
Nem rima consigo construir.
Não sou amada, sinto frio.
A paixão não me dá aconchego.
Sou insistência, paciência, carinho.
Seria passatempo, amizade ou teimosia?
Não me alimento do tempo.
Preciso de mais.
Fui encarcerada na ausência dum sentimento.
Do seu calor eu passo fome.
Estou sufocando na pessoa que não consigo ser.
Não me encaixo, estou deslocada.
Bloqueada pelas diferenças, incompreendida.
Desajuste da mente, esquecimento do coração.
Não me contento com banho-maria que não ferve.