Pedaços de Mim

Pedaços de Mim

Meus pensamentos em desalinhos. Moribundos

A sala na penumbra da luz; a vela...

E Ella nos meus sonhos mais profundos.

Deitado, acordado sonho Ella.

Olhos lindos, olhos cegos; olhos do ego.

Olhos que não me ver.

Boca de escárnio de mim. De batom rubro carmim,

O beijo que não me deu. No tártaro o sonho meu,

A doer, a doer.

De desejar o desejo, só um beijo, só um beijo.

E depois morrer de morte. Faca afiada, má sorte,

Na vida e de viver, quando tu não mais me quiseres.

Quanto tu não mais querer. Não vieres. Não me ver.

Ah o corte. O sangue, a veia, a teia. Toca, balança o sino,

Os pedaços, só pedaços. As migalhas do destino.

O resto, a sobra o sobejo.

Sem um beijo. Sem o beijo, sem meu beijo.

Ah o abraço. O arremedo, o enredo a armadilha. O laço...

O passo em falso, o segredo.

O medo. Lobo só, matilha aberta.

Que correndo, corre. Trilha incerta.

Sangue. Sangrando, escorrendo.

Chamar chama. Hora certa. Hora incerta.

Bater à porta. O alerta.

A vontade não desperta, e Ella; não mais se importa.

É São João. Há fogueira. Meia noite, lua inteira.

Festejos, fogos... O bater do coração.

Vida de meu mistério. Vagando na multidão.

Morto vivo... Sem motivo. Lápide de cemitério.

Raio, corisco, trovão. Desaba a tempestade.

Tarde, fria madrugada... O mal grudado. Eu ao chão

Respirar. Soluçar... Sem solução. Só. A sós, solidão.

E o peito fraco sente o não ter. O não ser e somente,

Só a mente. Demente. Coração.

(Farias Israel-dez/2013-PE

Farias Israel
Enviado por Farias Israel em 01/07/2017
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