Poeira do tempo
Tudo em mim exala o tempo
A página virada fez a curva
Perdeu-se no pensamento
Algo embotado, lapso de memória
Sinto-me empoeirado
A idade traz lamúria
O corpo parece amarrado
Se permitido, retrocederia
Pareço um ser decaído
Adornos não mudam a’parência
Quando se vive entediado
Convive-se com a ausência
Ao observar meu rosto
Descubro mais uma ruga
Não fico mais desesperado
De que isso adiantaria
Ensaio um tímido sorriso
Não sinto, mas, lembro-me da alegria
Evito demorar no espelho
Pois com certeza, minha face molharia
Montteiros Dalton