Quase um soneto
Eu que era toda solidão e desatino
na melancolia fúnebre que me cerca
mesmo em dia de chuva ou sol a pino
nada há nada em ti que eu não me perca.
Os lábios, o beijo e a tua presença
tornam-me ainda mais dependente
eu temo que a outra tu já pertença
e a mim toda essa dor seja crescente.
Se isso acontecer seja a morte
d'uma poetisa solitária e sonhadora
que padece ausência de sorte.
Sem nada esperar do horizonte
e nem aos céus pedir guarida
aguardando um raio de sol que desponte.