tem alguém ai?

Na ausência de minha essência,

Alguém me comanda, me domina.

Dita caminhos sem presença,

E em sonhos, sem trégua, me atordoa.

Acordado, almejo a liberdade,

Como ave que ao instinto obedece.

Mesmo encerrado entre grades,

Ainda sou o menino que em mim permanece.

Cresci entre feras, distante das flores,

Num mundo de guerras, não de cores.

Poucas paisagens, muitas telas...

Estátuas que sussurram segredos,

Paredes que observam meus medos,

Sábios que se calam, eruditos que fermentam,

E ninguém se atreve a chegar perto.

Minha consciência implora por respostas,

De uma mente que em labirintos se perde.

Abre portas, questiona o que antes era certo,

Num jogo de dúvidas que não cessa.

Expus minha alma, tão nua, ao mundo,

Meu corpo, cansado, anseia por companhia.

Mas o mundo me consumiu, profundo,

E levou a luz que meus olhos viam.

Agora, sólido, me sinto derretendo,

Num frio que queima, num vazio que preenche.

Sozinho em minha mente inóspita,

Consciente de minha própria sentença.

Tornei-me poeira de destroços,

Levado pelo vento, sem rumo, sem norte.

Só eu sei o peso dos meus passos,

E, no que faço, questiono minha própria sorte.